Bem Vindo!

Ler é mais que decifrar códigos linguísticos...
É ver o que mais ninguém vê...
Ler é viver, é sonhar, é renascer
A cada amanhecer...
Ler é um encontro com a realidade dos sonhos
Descobrindo a cada segundo
Um mundo novo, escondido ao nosso redor...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ÍNDIO






Índio


No chão de barro molhado
Segue o índio  para seu calvário,
Compassados passos
Em caminhos que outrora
A vida representava.


A várzea agora ampara as lágrimas
Do poderoso Tupã.


As lutas foram enterradas por sob a terra,
Curumins e cunhantãs agora estão
Presos ao sonho da caixa preta de
Brilho cintilante...


A chuva leva as marcas do rosto
De guerreiros sem luta,
As lembranças proclamadas para o vento
Perderam-se nas cordilheiras do tempo.


Seu maior tesouro descansa em paz
A sete palmos no fundo do rio.


E agora...


Quem somos nós?


(Gheysa Moura)



domingo, 24 de janeiro de 2010

AMAZÔNIA CHOROU

AMAZÔNIA CHOROU

Foi assim que o domingo começou
Amazônia chorou despedindo-se
De quem não deveria partir...
O sol reverenciou o caboclo ribeirinho 
Que outrora banhava os pés nas águas do  rio Andirá...
Seu coração era o barco que rasgava o seio
Amazônico carregando consigo a família.
Ai... Que falta sinto de sua voz ao entardecer!
Misturada ao canto do vento contava
As doces lembranças da terra do caju...
Maria do Bom Socorro, a quem era devoto, amparai-nos
Neste momento em que estamos sem esteio!
O coração de Barreirinha são teus passos
Que nós, jovens, vamos seguir!
O lindo alvorecer anunciou seu encontro
Com a esposa amada e junto com os Anjos
Agora, roga por nós a Deus.



CRIANÇA

















CRIANÇA

A dor do teu olhar não é maior
Que a dor do meu olhar de criança
Perdida, esquecida, sem cor e sem comida.
Olhas mas não me vê entre os restos
De um pobre país perdido das Américas.
E quando chega a noite e os boinas
Azuis vão viver os seus azuis
Eu, sem casa, sem morada
Tenho somente o frio para aquecer
Meu coração que muito cedo
Descobriu o que é desesperança.
Mesmo assim, posso dividir
O que aprendi com você.
O dia amanhece...
E na minha solidão posso ouvir
Entre as nuvens do céu
A voz dos meus, que um dia
O tremor da terra levou.

(Gheysa Moura)

sábado, 16 de janeiro de 2010

REMORSO

Remorso



Como podes dizer confuso o som do
Relógio do tempo que faz do silêncio
O moinho do destino que desfaz o
Não que prende tuas mãos no vazio.

Como podes julgar-me ausente
Se sou a sombra onde podes abrigar-se
Do sol e recuperar as forças para continuar a
Lida neste inferno salobro em que te faço
Belicoso para enfrentar o desconhecido.




Ah! Como podes querer negar-me teu afeto
Se a chuva que te lava alma são as lágrimas
Do alvorecer dos olhos meus que alimentam
A terra em que floresce o vale verde onde
Podes escrever rimas ao entardecer.

Tuas lágrimas são punhais que transpassam
Minh'alma neste campo verdejante
Em que morro a cada instante para que vivas
Teus sonhos de menino.

Menino alegre, menino travesso que um dia
Encontrei na janela do anoitecer e
Sorrindo busquei no menestrel a ternura
De seu olhar e, sem medo desejei os lábios beijar.

Mas se prefere assim...
Das suas palavras farei minha mortalha
Sim, suas frias palavras que mataram
Os azuis serão tudo que terei.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

INA

Ina

Olhando o tempo inerte da rua
Percebo a incompreensão de 
Quem não me vê...
Estou em uma encruzilhada
Onde todos os lados
Me levam ao nada...
Não sei o que fazer!
Não aguento mais a Ina!
Essa bendita ina que me faz
Perder o sono da madrugada
Sempre acompandado da
Corte que me faz de boba
Enquanto tento sair para ver o sol
Que tanto amo neste inferno verde
Mas este sol...
Me mata lentamente até a salvação
Do Fê que só existe no fim da noite
Cuja alegria é maltratar-me enquanto caminho
Com passos lentos pelas calçadas
Das ruas de cristal...
Não me obrigue a dizer o que não sei!
Não aguento mais as inas e os fês
Mas preciso do corti para não
Perder o sangue de minha inspiração
Pelas narinas enquanto vomito
As pedras de gelos que somente
Tu vês em mim...
Estou morrendo dia a dia sob o luar
Mas você prefere ver o que não existe.

sábado, 9 de janeiro de 2010

AH! O AMOR...

AH! O AMOR...
 
O veneno criado por deuses...
Sim... Sempre o culpado dos grandes
Desatinos da vida... E no entanto...
Ele é apenas uma obra divina
Que nos alimenta e dá vida.
O que mais nos consumiria?
Um veneno... ou um rémedio?
Pois quando bem utilizado
Cura todo mal...
Alivia toda dor...


 
Se torna eterno, pelo simples fato
De ser perfeito amor de Deus...
Lembra-te que o criador provou de
Seu amor ao contemplar sua obra?!
A loucura máxima de um sentimento
Capaz de morrer para salvar quem ainda

Nem mesmo existia... para salvar
Aqueles que ama!
 
Pobre amor... quem lhe dará razão?

QUANDO ACABA AS PALAVRAS

QUANDO ACABA AS PALAVRAS


Como quando se acaba as palavras
Mesmo havendo uma tempestade
De versos em sua mente.

Sinto o vento suavemente acariciar
Minha face, fazendo-me estremecer
Querer, esquecer, enlouquecer
Em poucos segundos de eternidade...

Andando a esmo pelas asas da
Ilusão de mãos dadas com a solidão
Ouvindo a trilha sonora do amanhecer.

Junto com a explosão das palavras
A certeza do nada...
Uma mistura homogênea de luz e escuridão.

Mas a caneta já não está em minhas mãos...






domingo, 3 de janeiro de 2010

AVES





AVES

Entre as cordilheiras o voo solitário da pobre ave que
Foge das garras do condor abrigando-se
Nos braços da ave de rapina.
Que sina desmedida, em nenhuma
Encontrar a vida em todas as hipóteses
É a vítima do sanguinário sentimento
Que move o mundo.
Se é uma doce equação que o vento
Frio dos Andes lhe mostre a salvação
No fundo entre os dois mundos
Almeja se perder.
Se da rapina a alegria dos herdeiros da terra
Do condor o sorriso da dor.
E neste jogo do querer e do prazer
Não é vítima...é assassina.
--
Gheysa Daniele